
Baby boomers digitais: uma geração com seguinetos
De mídias sociais à compra online, pesquisas mostram que a pandemia acelerou os comportamentos digitais dos baby boomers (geração dos nascidos entre 1945 e 1964), criando hábitos duradouros que as marcas devem observar.
Paulo Lima
Lá por 2015, quando ainda morava com meus pais, lembro da minha mãe comentando com meu pai algo do tipo: vamos jogar esses imãs fora, as crianças (já jovens adultos) acham os telefones desses restaurantes todos pela internet.
Nessa época, com seus 55 anos, minha mãe que mal sabia entrar no navegador e procurar o telefone de um restaurante no google. Alguns anos depois, sem suas “crianças” por perto, se viu obrigada a aprender muito mais que realizar buscas em meio a época de pandemia. Com seus 62, estuda latim à distância em sua pós-graduação de teologia e faz sua compra semanal de verduras e legumes no site de uma feirinha orgânica local.
Essa não é uma mudança de “hábitos online” apenas da minha mãe. De mídias sociais à compra online, pesquisas mostram que a pandemia acelerou os comportamentos digitais dos baby boomers (geração dos nascidos entre 1945 e 1964), criando hábitos duradouros que as marcas devem observar.
Uma pesquisa da security.org mostrou que 84% dos boomers relatam que a mídia social provavelmente vai melhorar suas vidas. O número fica ainda mais evidente quando vemos os resultados dos millennials no mesmo estudo: um terço é pessimista e diz que as mídias sociais pioram suas vidas. O contexto atual catastrófico e solitário ajuda a contar essa história, já que longe de seus filhos, netos e amigos, as redes sociais trouxeram um pouco de proximidade com o mundo.
Para compreendermos ainda uma realidade do Brasil, uma pesquisa do Integrar Gerações com 459 pessoas com mais de 50 anos, trouxe números bem interessantes para observarmos. Aproveitando ainda o exemplo de dona Maria (minha mãe), a participação em aulas on-line subiu de 22% para 53% e quase metade dos entrevistados (45%) diz querer seguir atividades de forma virtual. E seguindo a tendência das lives, houve um crescimento na presença nesse formato de 18% para 71%. Imagina o quanto de oportunidade em conversar com esse público não é ignorada pelas marcas nas lives da vida?
Baby boomers vão às compras
Esse perfil também anda comprando mais. Citando dados do NPD Group, o Washington Post relatou em janeiro de 2021 que os consumidores com mais de 65 anos são o grupo de compradores online que mais cresce. E não é só em tempos de pandemia que as compras online fazem sentido aos boomers. Estudos mostram que a geração também prefere fazer compras online em vez de na loja durante os feriados agitados. “A cultura cria, o mercado se apropria.” Se essa frase faz sentido então podemos entender um pouco como essas mudanças de hábitos impulsionam um mercado consumidor “novo”.
Se você acha que os baby boomers estão apenas rolando o feed e consumindo, você está errado: eles estão também produzindo conteúdo. E em uma sociedade de consumo, a relevância construída pela imagem também impulsiona o mercado.
Achar que as pessoas maduras não irão produzir relevância fora do seu grupo etário é preconceito. A querida @vovodorap é prova disso. Com mais de 1 milhão de seguinetos (número atualizado em junho de 2023: 2.5 milhões), dona Dezeri de 63 anos viralizou cantando raps e outras músicas super atuais e relevantes às gerações mais jovens. Como ela mesmo diria: “Respeita carai”.
Baby boomers influencers
Outra inspiração é a história da Ana Carolina Apocalypse, uma influenciadora de 62 anos que contou o processo de transição de gênero após os 59 anos e conquistou muitos seguidores. É hoje uma embaixadora da Nívea.


Seja na mudança de hábitos ou influenciando milhares de pessoas, os baby boomers estão cada vez mais digitais e mudando o rumo de marcas e projetos.
Sua marca está pronta? :)
Principal fonte: Wunderman Thompson.
Newsletter do Praticando o Branding publicada originalmente 01/06/2021

