Um ensaio sobre arquétipos, narrativas e diferenciação: qual é o símbolo da sua marca?

Em 2009 eu tive contato pela primeira vez com os arquétipos. Eu ainda trabalhava em uma agência de design no interior de São Paulo e tentava implementar algumas ideias sendo um analista júnior.

Com 19 anos, isso mudou minha carreira para sempre.

Depois que eu comecei a olhar o mundo sob essa ótica tudo que eu ouço, leio ou assisto na minha vida acabo tentando enxergar por diferentes símbolos arquetípicos. E é claro que isso não seria diferente na minha vida profissional.

Alguns anos antes, eu tinha escrito meu TCC sobre branding e, mesmo novo, sabia porque estava entrando neste mundo: paixão pela complexidade do ser humano e da cultura.

Naquele ano também, o branding me levou para um outro mundo incrível, a psicologia analítica. E talvez eu nunca mais saia dela. Não, ainda não fiz uma graduação na área, mas desde então tenho lido muito Jung e tentando trazer todos esses aprendizados para minha vida e meu trabalho.

É tudo uma questão de narrativa e símbolos.

Mas o que gerou tanto impacto assim na forma de enxergar as coisas? Eu comecei a descobrir ali que tudo é narrativa, e isso é incrível. Atribuímos diferentes valores e ideias para coisas semelhantes. Somos seres com a capacidade de simbologizar, nas palavras de Leslie White:

“Simbologizar é a capacidade de originar, definir e atribuir significados, de forma livre e arbitrária, a coisas e acontecimentos no mundo externo, bem como compreender esses significados.”

Veja, a água benta é diferente da água normal. É um exemplo simples para dizer que o ser humano tem essa capacidade de criar um símbolo mesmo se não houver uma comprovação científica.

Semelhantes narrativas e os símbolos podem ser encontrados em diferentes recortes da sociedade. Veja como temos um fio que conduz as manifestações abaixo por meio do hedonismo, sensualidade e intimidade seja em produtos, marcas, design, histórias e ambientes.

Um exercício constante que faço por aqui é me perguntar em qual esfera de motivação humana aquela manifestação deseja acessar? Seja assistindo Euphoria (HBO) e analisando os persoagens, a fotografia e o enredo ou um filme de uma marca que está tentando contar uma história para seus consumidores.

Arquétipos são como dramas sintetizados

Se em uma mesma categoria podemos criar diferentes narrativas mesmo com produtos semelhantes, quais são as narrativas disponíveis? É aí que entram os arquétipos.

Slide do Voko

Quando constelamos um arquétipo em uma narrativa de marca podemos atingir um nível profundo do inconsciente do ser humano. E os arquétipos estão diretamente ligados a motivações humanas como: vencer, se apaixonar, criar coisas novas, explorar novos territórios e cuidar dos outros. Existem tantos arquétipos quanto situações típicas do ser humano, ou seja, é infinito. Podemos construir diferentes narrativas em qualquer categoria.

Isso mesmo, Jung nunca disse que existem 12 arquétipos =)

Então, o arquétipo pode ajudar sua marca a criar uma narrativa que fale diretamente com uma motivação humana, criando um vínculo mais verdadeiro com o público.

Para finalizar, 3 dicas que podem te ajudar a definir e trabalhar arquétipos para sua marca:

➡️ Não fique preso aos clichês, nem do arquétipo, nem da categoria. O Duolingo não criou um sábio clássico mesmo estando em uma categoria de educação.

➡️ Encontre sinergia do arquétipo da sua marca com outras manifestações na cultura: séries, filmes, bandas, celebridades e arquitetura. Assim você poderá entender melhor como a sociedade vive aquele arquétipo hoje.

➡️ Estude por quê e em qual momento da vida, da semana, do dia, seu público deseja acessar o símbolo arquetípico da sua marca

Que os arquétipos também possam mudar sua forma de enxergar o mundo. Ah, e na semana que vem tem lançamento da segunda edição do Voko, meu curso de arquétipos no branding, para te ajudar a trazer mais essa teoria no seu trabalho.

Até a próxima news <3