ESTUDO DE TENDÊNCIAS

Sobre o Reverbera

O Reverbera analisa macro e micro tendências que impactam o mundo das marcas. Desde grandes movimentos socioculturais até mudanças específicas em comportamentos e preferências de consumo.

Marcas Regenerativas: uma pequena grande revolução.

Nossa sociedade de consumo tem seguido uma lógica da escassez com o lucro acima de tudo e a todo custo. Veja, não é porque as pessoas estão dispostas a pagar por algo que aquilo faz bem para elas, para o planeta ou para outras pessoas que de alguma forma fazem parte da cadeia de produção daquele produto.

Junk food, promessas fantasiosas de felicidade, jogos viciantes, fast fashion destinado a aterros sanitários, marcas que exploram trabalhadores, negócios construídos pela pressão da “produtividade” que gera burnout e outros problemas psicológicos. Os verdadeiros custos nem sempre são reconhecidos até que o dano seja exposto.

O mercado nos convenceu que a devastação ambiental, os problemas físicos, culturais e sociais gerados pelo consumo são “problemas dos outros”. Essa mentalidade nós não adquirimos agora. Mas o mundo está em chamas e os novos consumidores impulsionados por uma geração nova que enxerga o mundo das marcas com novos olhares combinada a outras gerações que estão enxergando formas alternativas de consumir e outros valores a cultivar, estão começando uma pequena revolução.

O problema é de todos nós.

E essa pequena revolução que já ecoa em diferentes categorias está se tornando cada vez maior. Grandes empresas no mundo todo questionam a forma de produzir, se relacionar com seus públicos e com a sociedade para continuarem relevantes para as pessoas.

Uma marca regenerativa é uma marca disposta e dedicada a gerar impacto positivo não apenas olhando para o futuro, como também para o passado. Ela compreende os danos causados por ela mesma ou por sua categoria e investe seus esforços para gerar valor aos consumidores não só com produtos, mas práticas e políticas que possam contribuir para a regeneração social, cultural, ambiental e do indivíduo envolvido na cadeia de produção.

Em nossa segunda edição do Reverbera eu te convido a mergulhar no mundo da regeneração, impacto positivo e criação de valor para um novo mundo.

"Os maiores problemas do mundo são os maiores mercados do mundo."

PETER DIAMANDS

A Economia Regenerativa

Não é possível voltar no tempo e mudar o passado para salvar o planeta. Mas as marcas podem se aliar à economia regenerativa e criar mecanismos para reparar o prejuízo à sociedade e ao meio ambiente que começou lá atrás e que deixa rastros até os dias de hoje.

A economia regenerativa é uma abordagem que vai além da mera sustentabilidade. Ela busca a restauração e renovação de nossos recursos naturais, a resiliência das comunidades locais e a colaboração em todos os níveis da cadeia de produção.

Na contramão da economia tradicional, que muitas vezes ignora os verdadeiros custos humanos e ambientais causados pelas nossas transações, a economia regenerativa reconhece que a natureza funciona em ciclos de renovação e regeneração, e busca alinhar nossas atividades econômicas a esses mesmos princípios.

Mas para isso, é importante garantir que o formato desse sistema siga alguns ideais básicos para que esse modelo econômico não se perca no caminho. Estamos falando da integridade, ética, cuidado e compartilhamento.

Quando colocamos uma lupa na pauta das marcas regenerativas, percebemos que elas são resultado do que a economia regenerativa propõe. Em outra perspectiva, é a partir delas que todo esse conceito pode sair da teoria e gerar mudanças significativas para a sociedade.

No nosso blog tem um artigo inteiro sobre
8 princípios da Economia Regenerativa:

Por que agora?

Uma tendência nunca está sozinha.

Ela só emerge porque outros movimentos e comportamentos a empurram e são como pilares de algo maior. Veja como "marcas regenerativas" está também conectado a outras ideias e ações individuais e coletivas.

🏘 Localismo

Impulsionada tanto pela necessidade de confinamentos provocada pela pandemia como pela ética, a tendência do localismo acelerou ao longo de 2020 quando fomos forçados a permanecer em casa e buscar opções locais. Segundo o relatório Tendências Globais Consumidor 2023 publicado pela Mintel, comprar localmente será uma forma de os consumidores se sentirem protegidos financeiramente, ambientalmente ou psicologicamente, além de sentirem que estão retribuindo o que recebem e gerando impactos positivos.

🔥 O mundo está em chamas

Uma pandemia, desastres naturais, problemas sociais, ataques à democracia e muito mais: tudo isto contribuiu para uma mudança da expectativa das pessoas em relação ao que marcas oferecem para a sociedade. Nosso espírito do tempo foi bastante impactado nos últimos três anos, e quando nossa sociedade adquire novas perspectivas sociais e culturais, isso impacta em como marcas geram valor.

🫰🏾 Geração Regenerativa

Os jovens estão buscando por marcas que possam utilizar sua influência e recursos para assumir a liderança nas questões mais urgentes do planeta. A preocupação com a justiça racial, a ação climática, a equidade e o acesso aos cuidados de saúde ganhou destaque como prioridades entre a crescente geração com menos de 30 anos. Para entender melhor e criar valor para esse público, as marcas estão buscando os jovens e até criando conselhos só desta geração para criar narrativas autênticas, significativas e impactantes para enfrentar esses desafios.

🌱 Regeneração do solo

A reabilitação do solo é uma ação urgente para todos. No ritmo atual, há previsões e estudos que mostram que solos podem esgotar-se dentro de 60 anos. E que a agricultura industrial convencional contribui com até 25% das emissões que impulsionam a crise climática. A agricultura orgânica regenerativa pode reabilitar o solo, gerar mais bem-estar animal e melhorar a vida dos agricultores. As discussões sobre os danos ao solo e meio ambiente impulsionaram discussões em outras esferas da sociedade.

Marcas conscientes, agregadoras e vivas.

A BBMG, consultoria de branding e impacto social de Nova York, já constrói marcas regenerativas há mais de 20 anos e tem uma metodologia baseada em três qualidades principais que as marcas devem cultivar para vencer nesta nova era: Consciência, Agregadoras e Vivas.

O QUE FAZ DE UMA MARCA REGENERATIVA?

Marcas Regenerativas são conscientes: percebem
e atendem nossas necessidades mais profundas

As marcas regenerativas sabem das tensões, desafios e aspirações em nossas vidas. Conseguem atender necessidades humanas profundas, abraçando o contexto e as contradições inerentes à sociedade atual. Elas passam da escuta passiva para a detecção ativa das verdades humanas e das tensões que definem as nossas vidas reais. Elas vão além da investigação do consumidor para refletir sobre o papel que desempenham em todas as pessoas, encarando a realidade de como geram desafios sociais e ambientais na sua categoria, não só os desafios atuais, mas também os passados. Elas tentam ver o mundo através dos olhos de seus colaboradores e comunidades, agindo em relação às suas necessidades, ansiedades e aspirações mais verdadeiras.

Marcas Regenerativas são agregadoras: combinam o importante para o negócio com o significativo para as pessoas

Marcas regenerativas geram mais valor, impacto positivo e progresso duradouro com e para todos os seus públicos estratégicos. Elas sabem que existe uma ligação e interdependência fundamentais com o ecossistema. Combinam o que é significativo para os consumidores com o que é importante para o negócio. Marcas agregadoras trocam a extração pelo enriquecimento, entendendo que liderança não significa manter o poder, mas dar mais poder para as pessoas e públicos. Elas vão além do individualismo para a interconexão e interdependência, priorizando necessidades elevadas e valor da marca a longo prazo a resultados rápidos sem considerar todo o ecossistema.

Marcas Regenerativas são vivas: são adaptativas,
pulsantes e abertas a reconstrução de suas próprias ofertas

Com a constante transformação de nossa sociedade e cultura, as Marcas Regenerativas ajustam-se e evoluem através de conexões criativas com as pessoas e os lugares que atendem, possibilitando a geração contínua de energia, influência e dinamismo. Essas marcas buscam se manter vivas e emergem como elementos ativos e pulsantes, que respiram e evoluem em harmonia com nossa cultura e o mundo ao nosso redor. Elas passam de De reativas a adaptativas, baseadas em ciência clara, valores fundamentais e práticas colaborativas. Usa o design como expressão de seus consumidores e possuem uma capacidade fluída, não limitante da perfeição, para cocriar e reinventar serviços de um progresso transparente, mensurável e significativo ao longo do tempo.

''As marcas regenerativas usam o que têm de melhor para resolver problemas além de seus próprios negócios, consumidores e acionistas.''

#Reverberar é #Questionar

Se não questionarmos padrões já enraizados por nós, profissionais de comunicação, nunca veremos o consumo com a ótica da regeneração.

É importante sairmos de nossas bolhas mercadológicas e ouvirmos movimentos e pessoas comprometidas em reveberar mudanças.

Laila Zaid é atriz, ativista e comunicadora socioambiental. Ela questiona narrativas de marcas e nos faz pensar sobre problemas e desafios que vão além da marca em si, para visualizarmos o problema macro.

Laila Zaid questiona padrões e e narrativas que já estamos acostumados ou míopes.

Linus: autenticidade com sustentabilidade
Um compromisso documentado

A Tony´s é uma marca de chocolate que já nasceu com um propósito muito forte: ser um chocolate 100% livre de exploração e possibilitar que os agricultores de cacau da África Ocidental ganhassem um salário digno. Em 2023, firmou seu propósito com um documento legal para manter suas políticas para sempre, o Tonny´s Mission Lock.

Linus é uma marca cheia de autenticidade que se propõe a ser uma marca justa com sua cadeia produtiva, com sua comunidade de clientes e com o planeta. Da compra de matéria-prima até o dia a dia no escritório, a marca aplica processos sustentáveis em todas as áreas. Do embalar ao enviar, a Linus é zero plástico, vegana e toda produção é nacional.

Regenerar é também
excluir pressões sociais

Regeneração não é ambiental. É também sobre ressignificar ideias e estereótipos sobre pessoas e seus sentimentos. A Lela Brandão acredita que uma mulher confortável em si é uma revolução. Uma marca que respeita o corpo das mulheres e questiona décadas em que foram "submetidas" a roupas limitantes e desconfortáveis por pura pressão social.

Marcas &
Manifestações

Tazo, uma marca com
DNA regenerativo

A marca de chá Tazo anunciou, em 2022, que estava embarcando numa transição completa para uma abordagem regenerativa. Uma mudança desta escala é bastante significativa para uma indústria que lida com debates sobre as alterações climáticas na agricultura. O Roteiro Regenerativo da Tazo inclui uma lista sete pilares centrada em uma série de objetivos que afetam cada parte da empresa, incluindo: garantir o comércio justo e padrões de direitos humanos em toda a sua cadeia de abastecimento até capacitar os pequenos agricultores, melhorar a diversidade, a equidade e a inclusão de toda a sua força de trabalho e fornecedores diretos, mudar para e garantir a regeneração padrões agrícolas e proteger, melhorar e regenerar mais terras, florestas e oceanos do que o necessário para o negócio.

4 formas para sua marca mergulhar nesta tendência

A regeneração é sobre todos nós. E para mergulhar nesta tendência não precisa ser uma grande marca. Veja como seu negócio pode ser mais regenerativo:

1. Questione sua cadeia de produção

Assim como a Tazo, se você investigar sua cadeia de produção poderá encontrar diversos gaps que levam uma marca a uma construção regenerativa. Mapear essa cadeia é identificar os negócios, pessoas e processos que envolvem suas ofertas. É possível por meio disso começar a gerar pequenas ações e tomar decisões estratégicas em busca da regeneração.

2. Estude o passado da categoria

A regeneração não ignora o passado. Um olhar preocupado com a economia regenerativa estuda o passado para compreender os danos gerados pela categoria e se propõe a construir valor restaurando problemas. Todos os mercados possuem cicatrizes ou até mesmo feridas abertas relacionadas a problemas sociais, culturais e ambientais. Investigar o passado é ter compromisso com o presente. E as ações de hoje podem mudar o mundo de amanhã.

3. Se aproxime de instituições e movimentos

Você não vai conseguir fazer tudo sozinho(a)! Na maioria das vezes será importante também se aproximar e fazer parcerias com instituições e movimentos que já estão a mais tempo trabalhando por melhorias em diferentes esferas da sociedade. Se sua marca não é capaz de gerar soluções corporativas alinhadas ao seus propósitos, busque ajuda e valorize quem já está a mais tempo em lutas significativas.

4. Escolha suas batalhas

Como falamos bastante nesta edição, o mundo está em chamas e o que não falta é desafio e problemas a serem superados. Mas, principalmente para marcas pequenas e médias, é importante escolher o que é mais relevante para você dentro das regenerações possíveis da categoria. Inclusive, se você está à frente de uma marca, pergunte-se o que condiz com seus valores de vida. Por exemplo, diversidade é um tema importante para mim, então vou priorizar esse tema à sustentabilidade no meu processo de regeneração do Praticando.

Para continuar estudando:

Por quanto tempo ainda nos manteremos fortes se continuarmos repetindo as mesmas coisas? Regeneração é sobre questionar o passado, o presente e o futuro. Também deve ser o grande próximo macro tema do branding para construção de marcas humanas e fortes.

Espero que esta edição do Reverbera tenha te tocado de alguma forma. Que venham muitos estudos e análises pela frente. Espero você na próxima.

O Reverbera analisa macro e micro tendências que impactam o mundo das marcas. Desde grandes movimentos socioculturais até mudanças específicas em comportamentos e preferências de consumo. Ele pode abordar temas como sustentabilidade, inclusão, digitalização, personalização, novas formas de trabalho, experiência do cliente, entre outros.

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