Na última newsletter falamos sobre o pertencimento e as marcas, fazendo a relação com a religião que Lindstrom descreve em brandsense. [clique aqui se quiser ler ou reler] Apenas para lembrar um ponto importante que disse lá e seguirmos aqui: estou fazendo uma releitura do que o autor escreveu para que possamos 1- ressignificar alguns pontos quase vinte anos depois com uma visão que acredito ser a mais saudável para o contexto de sociedade atual e 2- trazer para uma realidade prática com exemplos que fujam de Steve Jobs e a mágia da Disney - não que eu não fale sobre esses exemplos no meio da série, mas para que não sejam os únicos exemplos.
Hoje vou falar de mais uma relação que o livro traz sobre marcas e religiões: uma visão clara. Vamos nessa?
Visão Clara também pode ser revolução!
Eu acho interessante como ter uma visão clara nos traz visões diferentes sobre o tema, risos. E a primeira delas é deixar claro que não estamos falando sobre missão, visão e valores, ok? Esse é outro tema.
Uma “visão clara” no início dos anos dois mil tinha um foco em, digamos, propósito. Era o início das discussões sobre esse tema no branding (eu falei sobre isso aqui nesse post) e todo mundo associava visão clara a um por que da marca fazer o que ela faz, ou qual era sua participação positiva no mundo, quase que se como a marca se tornasse e tivesse que ser um herói para seus consumidores.
Mas acredito que ter uma visão clara em um contexto prático e mais próximo à realidade principalmente das marcas pequenas e médias seja ajudar os consumidores a compreenderem quem são quando consomem a marca.
E isso tem a ver também com qual desafio levou o fundador(a) a criar o negócio. Uma marca pode criar valor simplesmente por gerar status para um grupo de consumidores, por exemplo. Mas como isso reverbera para o futuro de uma sociedade?
Fui para o dicionário compreender o significado da palavra visão e isso ajuda a explicar meu ponto, veja:
Visão é uma ação ou efeito de ver; capacidade de compreensão, assimilação e percepção visual de tudo que está presente no mundo exterior, concebida a partir da utilização dos olhos e do cérebro. Ponto de vista; maneira de interpretar, perceber e representar situações cotidianas ou de qualquer natureza.
Uma marca com uma visão clara faz uma leitura empática e uma interpretação singular sobre o cenário em que sua entrega de valor está presente. Ela entende o desafio de seu universo (que pode ser um problema do bairro, da cidade ou de uma tribo - não necessariamente um problema mundial) e cria valor para aquelas pessoas de forma genuína.
Enquanto Lindstrom dá exemplos como Steve Jobs, Richard Branson (Virgin) e até John Lenon (?!), eu tentei escolher alguns exemplos aqui para explicar meu ponto de forma mais objetiva com a realidade. (não tem nenhuma marca pagando para estar aqui, ok? São apenas exemplos reais)
Isla: já que eu contei na última news sobre minha saga da horta urbana aqui no meu quintal e meu sentimento de pertencimento no grupo do facebook, compartilho uma das minhas lovemarks de 2022, a Isla Sementes. A marca produz sementes sem agrotóxico e transgênico, e convenhamos, um dos objetivos de ter uma horta em casa é colher um alimento com menos veneno. Com grande peso no cultivo doméstico, a marca se conecta ao contexto social e ambiental a partir de discussões relevantes para a cultura como a comida sem agrotóxico, o cultivo familiar e a busca das pessoas à natureza, tem ainda um clube de assinatura que é um prato cheio para quem tem o plantar como hobbie. Falando nisso, você conhece as microverdes? Eu também não conhecia, dá um google para você ver. A Isla tem uma variedade gigante de microverdes, dá para cultivar no seu apartamento. Tudo isso está muito conectado ao espírito do tempo. Isso que eu chamo de visão clara.
Veja que nenhuma dessas marcas construiu um produto revolucionário, e sim narrativas poderosas. E para terminarmos a news praticando, separei algumas perguntas que podem te ajudar a encontrar sua visão:
Quais são as necessidades da minha categoria que ainda não são atendidas?
Quais dessas necessidades conversam diretamente com algum tipo de problema social e cultural, tendência comportamental ou atende um grupo que busca algum tipo de mudança?
Quais questionamentos e incômodos pessoais sobre a categoria do seu negócio podem te levar a uma pequena revolução neste mercado?
Como as pessoas irão se sentir ao consumir sua marca?
Como elas emprestam sua narrativa de marca para dizer sobre suas próprias personalidades, valores e crenças?